Está bem está

Sexta de manhã o Vicente voltou a acordar a dizer que tinha dores no olho.
O olho vermelho e inchado.
Ele de olhos fechados.
Uma história que tinha começado quarta ao fim do dia.

Liguei à pediatra.
Não atendeu e, para não perder tempo, toca de o levar ao hospital.
Um filme.
Tudo a agarrá-lo para a médica confirmar que ele tinha um corpo estranho e que o melhor era ir para as urgências de oftalmologia do Santa Maria.
"Quer ir de ambulância?"
E eu, que achei um exagero, disse que não, que ia no meu carro.
Foi pena: o Vicente teria adorado!

Lá chegámos a Santa Maria, fitinha laranja na triagem, foi um despacho.
O pior foi mesmo lá dentro.
A técnica do lençol foi fabulosa: todo embrulhado do pescoço para baixo, para ficar com os braços imobilizados.
Eu em cima dele para ele não mexer a parte de cima do corpo.
O pai a agarrar-lhe as pernas.
Uma enfermeira a segurar-lhe firmemente a cabeça com as duas mãos.
Outra a abrir o olho à força.
E a médica a sacar o tal corpo estranho (uma pedrinha, uma areia ou algo do género), a meter toneladas de creme mesmo dentro do olho e a colocar um penso enquanto ele gritava: "Eu não sou um pirata!!!!!!! Eu não sou um pirata!!!!!!!".

Terminada a sessão e acalmados os ânimos, a medica passou uma receita, virou-se para mim e para o pai e disse:
"Está feito! Agora fazem isto três vezes por dia dia durante sete dias".

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